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Pedagogia Waldorf

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PEDAGOGIA WALDORF

Antroposofia: a base da pedagogia Waldorf

Embora as Escolas Waldorf sejam, em sua maioria, relativamente novas em nosso país, a Pedagogia em que se fundamentam completou 100 anos de existência em 2019.

Em resposta à solicitação do proprietário da fábrica de cigarros Waldorf-Astoria para que criasse uma escola para os filhos de seus funcionários, em 1919, o austríaco Rudolf Steiner criou um modelo de escola baseado nos fundamentos da Antroposofia, ciência que desenvolvia desde o princípio do século XX.

A Antroposofia tem como meta principal o conhecimento e o desenvolvimento holístico do ser humano – nos aspectos físico, anímico e espiritual. Para tanto, busca um conhecimento suprassensível, da mesma forma que as Ciências Naturais se dedicam a um maior entendimento sobre a vida e os fenômenos físicos em nosso planeta.

Sendo assim, o ser humano é visto como um ser quadrimembrado – composto por corpo, alma e espírito e um “eu” que se desenvolve nas primeiras fases da vida e atua sobre os outros três membros em busca de aperfeiçoamento ao longo de sua existência. De acordo com Steiner, o que distingue os seres humanos dos seres dos reinos mineral, vegetal e animal é sua capacidade de autoconsciência, que resulta na possibilidade de dominar os próprios instintos e sensações. Em última análise, o que diferencia o homem dos animais é, portanto, sua liberdade de agir e de escolher entre várias formas de ação possíveis com base em sua vontade consciente e moralidade.

É por isso que, de acordo com Steiner, “A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas”.

O desenvolvimento da criança

De acordo com a Antroposofia, o desenvolvimento humano pode ser dividido em setênios (períodos de sete anos), e a formação de um indivíduo se dá ao longo dos três primeiros setênios, dos 0 aos 21 anos, depois, dizemos que o ser humano passa à auto-formação. Em cada setênio, por sua vez, podemos dizer que um dos três impulsos humanos (querer, sentir e pensar) está mais evidente. Por exemplo:

No primeiro setênio, a criança está na idade do querer. Ela vive principalmente em seu corpo físico e é permeada pelas influências do meio. Por isso, atua sobre ela tudo aquilo que a rodeia. Até mesmo a aparência de ordem ou desordem, os objetos decorativos, a luminosidade e as cores dos ambientes têm efeitos diretos sobre a criança. Por tudo isso, esta é a fase do aprendizado por imitação. Os adultos que cercam as crianças devem sempre, mas muito especialmente nesta idade, esforçar-se para, em suas atividades e condutas, serem modelos a serem imitados. Além disso, é fundamental fornecer à criança um ambiente de aconchego, amor e proteção. Nesta idade, a criança deve aprender, por sua vivência, que o mundo é bom.

Já o segundo setênio é a fase do sentir, marcado por duas grandes transições na vida da criança – aos sete anos ela vivencia o desafio de sair de casa ou do jardim de infância para ingressar na fase escolar; em torno dos catorze, chega a puberdade e, com ela, o desabrochar da personalidade sentimental. Esta é a idade do entusiasmo, e o aprendizado se dá em grande medida por intermédio da admiração. Portanto, os adultos que cercam esta criança, sobretudo seu professor de classe, devem servir de modelos de autoridade amorosa e apresentar como o mundo é belo. Nesta fase, a criança começa a se diferenciar daquilo que a rodeia, então a importante tarefa do professor é apresentar o mundo à criança. Motivadas pelo sentimento, elas terão gosto pelo aprendizado e desenvolverão sua memória. A criança anseia por imagens e, por isso, os ensinamentos sobre o mundo e a moralidade devem ser pictóricos (por imagens) em vez de conceituais ou abstratos.

Ao final do segundo setênio, a criança vive a transição da infância para a adolescência. Além do amadurecimento do corpo e do desabrochar da sexualidade, o jovem vive uma profunda transformação psíquica e mental. No terceiro setênio, o “eu” começa a desenvolver autonomia e autoconsciência e chegamos na fase do pensar e de uma maior interiorização. Com um adequado desenvolvimento ao longo da infância, o jovem torna-se capaz de formular seus próprios julgamentos e espírito crítico. Por isso, o papel dos pais ou professores como “autoridade” passa a sofrer resistência e estes devem estar preparados para lidar com os embates e expressar-se de maneira clara e franca. Em muitos aspectos, é uma fase de desencantamento com os heróis e ideais imaginados na infância. Em contraposição, o jovem anseia por saber que o mundo é verdadeiro.

Portanto, ao longo dos três setênios que levam à maturidade, o ser humano passa por uma profunda transição que deve permitir ao indivíduo chegar à idade adulta com um equilíbrio entre os impulsos do querer, do sentir e do pensar. Com a adequada orientação em cada etapa, esse indivíduo constitui-se em um “Eu” forte, ciente de suas habilidades e propensões e dotado de autonomia e livre-arbítrio. Assim, estará equipado para tomar decisões conscientes para sua atuação no mundo com autoconfiança e criatividade.

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